Série de Faroeste perdida no catálogo da Netflix é sensacional e deixa o público completamente vidrado na tela

"Godless" revoluciona o faroeste com uma narrativa focada na força feminina, ambientação deslumbrante e personagens complexas que redefinem o gênero.

Fernanda Cappellesso
Por Fernanda Cappellesso
Godless é uma série que ganhou o coração do público
Godless é uma série que ganhou o coração do público

“Godless”, a série da Netflix lançada em 2017, é uma obra-prima que desafia os estereótipos do faroeste tradicional ao colocar as mulheres no centro da narrativa. Criada por Scott Frank, a produção é um faroeste moderno que se passa em uma cidade quase exclusivamente habitada por mulheres após um acidente na mina que matou a maioria dos homens da comunidade. Com uma fotografia deslumbrante e uma trama envolvente, “Godless” reinventa o gênero ao apresentar personagens complexas e uma história de vingança que foge do convencional.

A trama se desenrola na pequena cidade de La Belle, Novo México, onde todas as mulheres perderam seus maridos em um trágico desabamento na mina local. A paz da comunidade é ameaçada pela chegada de Roy Goode (Jack O’Connell), um forasteiro ferido e em fuga do infame fora-da-lei Frank Griffin (Jeff Daniels). Roy encontra refúgio na fazenda de Alice Fletcher (Michelle Dockery), uma viúva com um passado sombrio. Enquanto isso, Griffin e sua gangue seguem em uma busca implacável para encontrar Roy e vingar-se.

O que faz a série “Godless”  ser tão sensacional e diferente das outras do gênero?

Godless é uma série de faroeste que coloca as mulheres em destaque. Crédito: Netflix

Godless é uma série de faroeste que coloca as mulheres em destaque. Crédito: Netflix

A série “Godless”, disponível na Netflix, se destaca no gênero faroeste por várias razões que vão além das tradicionais narrativas de ação e aventura. Criada por Scott Frank, “Godless” oferece uma visão inovadora e profundamente humana do Velho Oeste, centrando-se na resiliência das mulheres e na complexidade de seus personagens. A seguir, analisamos os elementos que tornam esta produção tão singular e cativante.

Uma das principais distinções de “Godless” é a presença de personagens femininas que desafiam os estereótipos do gênero. Alice Fletcher, interpretada por Michelle Dockery, é uma mulher independente e destemida que sobrevive sozinha em um ambiente hostil. Sua personagem é a antítese das figuras femininas frequentemente retratadas em faroestes clássicos, que muitas vezes são relegadas a papéis secundários ou de vítimas.

Mary Agnes, vivida por Merritt Wever, é outra figura de destaque. Como líder de fato da cidade de La Belle, ela desafia as normas de gênero ao vestir-se como homem e assumir responsabilidades tradicionalmente masculinas. A série mostra a cidade de La Belle, composta majoritariamente por mulheres após um acidente de mineração que matou a maioria dos homens, criando um cenário onde as mulheres são as protagonistas de suas próprias histórias de sobrevivência e justiça.

“Godless” aborda temas profundos como a luta pela sobrevivência, a solidariedade feminina e a busca por justiça em um mundo dominado pela violência e pela lei do mais forte. A série explora a interdependência dos personagens em um ambiente brutal, destacando como a comunidade de La Belle se une para enfrentar ameaças externas.

A dinâmica entre Roy Goode (Jack O’Connell) e Alice Fletcher é especialmente interessante. Roy, um fora-da-lei em busca de redenção, encontra em Alice uma parceira igual, com quem desenvolve uma relação baseada em respeito mútuo e necessidade de sobrevivência. Essa parceria rompe com o clichê do herói masculino que salva a donzela em perigo, oferecendo uma narrativa mais equilibrada e realista.

A produção de “Godless” se destaca pela sua ambientação meticulosamente detalhada e pela cinematografia deslumbrante. A série captura a vastidão e a beleza selvagem do Velho Oeste, ao mesmo tempo em que retrata a dura realidade da vida fronteiriça. Cada cena é cuidadosamente construída para refletir a atmosfera tensa e imprevisível do período, contribuindo para a imersão total do espectador.

A cinematografia de “Godless” é um espetáculo à parte. As vastas paisagens do Novo México são capturadas com uma beleza arrebatadora, contrastando com a brutalidade da história. A trilha sonora, composta por Carlos Rafael Rivera, complementa perfeitamente o clima da série, com suas melodias melancólicas e evocativas.

Em termos de roteiro, Scott Frank consegue equilibrar cenas de ação intensas com momentos de profunda introspecção, explorando as motivações e os traumas de seus personagens. A construção do mundo em “Godless” é meticulosa, transportando o espectador para uma época e lugar onde a sobrevivência dependia da coragem e da determinação.

O roteiro de Scott Frank é outro ponto forte de “Godless”. A narrativa é rica e bem desenvolvida, com personagens multidimensionais cujas histórias pessoais são exploradas com profundidade. A série não se apressa em resolver conflitos, permitindo que os personagens evoluam de maneira orgânica. Essa abordagem dá ao espectador uma conexão mais profunda com os personagens e suas lutas.

“Godless” se destaca no gênero faroeste por sua abordagem inovadora e por dar voz e agência às suas personagens femininas. A série não apenas subverte os clichês tradicionais do gênero, mas também oferece uma narrativa rica e emocionalmente ressonante. Com uma produção de alta qualidade, personagens complexos e temas profundos, “Godless” redefine o que um faroeste pode ser, tornando-se uma obra essencial para os fãs do gênero e para aqueles que apreciam histórias bem contadas.

A performance do elenco é um dos pontos altos de “Godless”. Jeff Daniels entrega uma atuação magistral como o vilão Frank Griffin, um homem cruel e implacável cuja presença ameaça destruir a paz precária de La Belle. Michelle Dockery, conhecida por seu papel em “Downton Abbey”, mostra sua versatilidade ao interpretar uma personagem complexa e multifacetada. Merritt Wever, vencedora do Emmy, brilha como Mary Agnes, trazendo uma energia e autenticidade que cativam o público.

“Godless” é uma série que desafia as expectativas e oferece uma nova visão do faroeste. Ao colocar as mulheres no centro da ação e explorar temas relevantes, a produção da Netflix não apenas homenageia o gênero, mas também o reinventa para uma nova geração. Com suas performances memoráveis, narrativa envolvente e visual deslumbrante, “Godless” se destaca como uma das melhores séries de faroeste dos últimos anos.

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