Twitter pode sair do ar no Brasil; entenda

Em uma série de publicações feitas neste fim de semana na rede social X, antigo Twitter, o bilionário Elon Musk provocou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais, ao dizer que pode reativar as contas suspensas pela Justiça brasileira na plataforma. Ele também disse que o X pode deixar de funcionar no Brasil.

Neste domingo, 7, Elon Musk afirmou que “publicará tudo o que é exigido por Alexandre e como essas solicitações violam a legislação brasileira”, ele também acusou o ministro de trair “descaradamente e repetidamente a Constituição e o povo do Brasil”, além de afirmar que ele deveria renunciar ou sofrer um impeachment.

Como começaram os ataques?

A X Corp, empresa proprietária do X, em uma publicação institucional no dia 6 de abril, revelou ter sido “forçada por decisões judiciais a bloquear determinadas contas populares no Brasil”.

A empresa confidenciou não saber os motivos pelos quais essas ordens de bloqueio foram emitidas. “Não sabemos quais postagens supostamente violaram a lei. Estamos proibidos de informar qual tribunal ou juiz emitiu a ordem, ou em qual contexto. Estamos proibidos de informar quais contas foram afetadas. Somos ameaçados com multas diárias se não cumprirmos a ordem”.

Em seguida, Musk respondeu a publicação marcando o perfil oficial de Alexandre de Morais na rede social o questionando por estar fazendo isso.

O dono da Tesla respondeu, no último sábado, 6, a uma postagem do dia 11 de janeiro, na qual Moraes elogiava a nomeação de Ricardo Lewandowski ao cargo de ministro da Justiça. “Por que tanta censura no Brasil?”, questionou.

O que é o Twitter Files Brazil?

A ofensiva de Musk ocorre alguns dias após a liberação dos documentos chamados “Twitter Files” envolvendo o Brasil. No dia 3 de abril, o jornalista dos Estados Unidos, Michael Shellenberger, publicou uma série de tuítes dissecando conteúdo.

Os arquivos, até então restritos, incluem a troca de e-mails entre autoridades brasileiras e diretores do X, antes da aquisição do bilionário em 2022. As mensagens foram repassadas pela plataforma a jornalistas.

As publicações feitas por Shellenberger dariam respaldo à narrativa de Musk de que configurariam censura e perseguição política por parte da Justiça brasileira.

As supostas determinações judiciais solicitavam a remoção de conteúdos em investigações criminais sobre a disseminação de fake news ou a desinformação no que se diz respeito a eleições ou a pandemia de Covid-19. Haveria ainda a solicitação de dados e imposição de restrições de contas relacionadas a tais publicações.

Em resposta, o empresário acusou Alexandre de Moraes de promover a censura no Brasil e ameaçou restaurar as contas banidas por decisões do ministro, mesmo que isso leve o X a deixar de atuar no Brasil — cenário considerado provável por juristas.

“Estamos levantando todas as restrições. Este juiz aplicou multas pesadas, ameaçou prender nossos funcionários e cortou o acesso no Brasil. Como resultado, provavelmente perderemos todas as receitas no Brasil e teremos que fechar nosso escritório lá.”

Moraes teria contatado Anatel, diz jornalista

De acordo com a jornalista Andreza Matais, do Portal Uol, representantes do ministro Alexandre de Moraes procuraram a presidência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pedindo informações sobre os procedimentos para tirar a rede social do ar.

Ainda segundo ela, Carlos Baigorri, presidente da estatal, já teria acionado as operadoras do país para que fiquem de prontidão e cumpram uma possível ordem judicial imediatamente.

AGU defende regulamentação de redes sociais

O advogado-geral da União, Jorge Messias, defendeu ser “urgente” regulamentar as redes sociais. “Não podemos conviver em uma sociedade em que bilionários com domicílio no exterior tenham controle de redes sociais e se coloquem em condições de violar o Estado de Direito, descumprindo ordens judiciais e ameaçando nossas autoridades. A Paz Social é inegociável.”

A briga acontece no momento em que os tribunais debatem a luta contra o discurso de ódio online e notícias falsas. O Tribunal Superior Eleitoral aprovou, em uma decisão recente, uma resolução que exige que as redes sociais limitem a propagação de notícias falsas durante as eleições.

Projeto de Lei

Está parado no Congresso, desde quando a votação foi derrubada, o projeto de lei que regulamenta as notícias falsas nas redes sociais, o chamado “PL das Fake News”.

Por causa do bloqueio de conteúdo, Musk já entrou em conflito com autoridades brasileiras. Em 2023, o X resistiu a mais de 500 pedidos do Ministério da Justiça do Brasil para remover publicações e perfis que hospedavam conteúdos suspeitos de inspirar violência nas escolas. Posteriormente a empresa removeu parte do material solicitado.

Também no ano passado, a Justiça Federal ordenou a proibição temporária do Telegram no Brasil após o serviço de mensagens se recusar a compartilhar com a Polícia Federal as informações sobre grupos neonazistas — algo que é crime no Brasil. Assim, o Telegram foi multado em R$ 1 milhão por dia até cumprir a ordem judicial.

O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, João Brant, afirmou que a atitude de Elon Musk “resolveu defender golpistas” e “evidencia seu desprezo pela justiça brasileira.”

 

*Fonte: O Povo

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Alexandre de Moraes vota a favor da descriminalização da maconha

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou, nesta quarta-feira (2), para não ser considerado mais crime o porte de maconha para consumo pessoal.

Pelo voto do ministro, deve ser considerado usuário quem portar entre 25 a 60 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas de cannabis. Além disso, a Justiça também poderá avaliar as circunstâncias de cada caso para verificar eventual situação que possa configurar tráfico de drogas. 

O julgamento sobre o porte de drogas foi retomado nesta tarde com o voto do ministro, que, em 2015, pediu vista (mais tempo para analisar o caso) e suspendeu o julgamento.  A sessão continua para a tomada dos votos dos demais ministros. 

O Supremo julga a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei das Drogas (Lei 11.343/2006). Para diferenciar usuários e traficantes, a norma prevê penas alternativas de prestação de serviços à comunidade, advertência sobre os efeitos das drogas e comparecimento obrigatório a curso educativo para quem adquirir, transportar ou portar drogas para consumo pessoal.

A lei deixou de prever a pena de prisão, mas manteve a criminalização. Dessa forma, usuários de drogas ainda são alvos de inquérito policial e processos judiciais que buscam o cumprimento das penas alternativas. 

Moraes avaliou que a lei aumentou o número de presos por tráfico de drogas e gerou “um exército para as facções criminosas”. O ministro informou que dados oficiais mostram que 25% dos presos no Brasil (201 mil) respondem por tráfico de drogas.

“Isso gerou o fortalecimento das facções no Brasil. A aplicação da lei gerou aumento do poder das facções no Brasil. Aquele que antes era tipificado como usuário, quando despenalizou, o sistema de persecução penal não concordou com a lei e acabou transformando os usuários em pequenos traficantes. O pequeno traficante, com a nova lei, tinha uma pena alta e foi para sistema penitenciário. Jovem, primário, sem oferecer periculosidade à sociedade, foi capturado pelas organizações criminosas”, comentou.

O ministro também defendeu a definição de limites de quantidade de drogas para diferenciar usuários e traficantes. 

“Hoje, o tráfico de drogas em regiões abastadas das grandes cidades do país é feito por delivery. Há aplicativos que a pessoa chama e, assim como o IFood leva comida, leva a droga”, completou.

Além da quantidade, Moraes também disse que devem ser levadas em conta as circunstâncias das apreensões para não permitir discriminação entre classes sociais. 

“Quanto mais velho e mais instrução, mais difícil ser caracterizado como traficante”, afirmou.

 

*Agência Brasil

 

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