Série documental da Netflix mergulha na história de Cleópatra e desvenda vida, legado e o poder feminino em um mundo dominado por homens

A série documental “Cleópatra”, disponibilizada pela Netflix, apresenta-se como uma fascinante exploração audiovisual que mergulha profundo na vida e legado de uma das figuras femininas mais emblemáticas e enigmáticas da história antiga. Esta produção busca desvendar os véus de mitos e representações estereotipadas, oferecendo um olhar renovado sobre a última rainha do Egito, sua política, sua cultura e seu poder.

Através de uma narrativa que combina meticulosamente a análise histórica com reconstruções dramáticas, a série se destaca por lançar luz sobre os aspectos menos conhecidos de Cleópatra. Longe de ser apenas uma sedutora de líderes romanos, como frequentemente é retratada, Cleópatra é apresentada como uma governante astuta, uma diplomata habilidosa, e uma estudiosa com profundo conhecimento em economia e política, que lutou incansavelmente pela preservação da independência do seu reino frente às ambições expansionistas de Roma.

Um dos grandes méritos da série é sua capacidade de contextualizar a vida de Cleópatra dentro das complexidades geopolíticas do seu tempo. Ela foi uma figura central em um período de grandes transformações, onde o mundo antigo dava lugar ao domínio romano. A série faz um trabalho exemplar ao explorar como suas alianças e conflitos com figuras como Júlio César e Marco Antônio não foram apenas dramas pessoais, mas movimentos estratégicos em um tabuleiro de poder global.

Do ponto de vista técnico, “Cleópatra” impressiona pela qualidade de sua produção. A reconstituição de época, os figurinos e os cenários são elaborados com grande atenção aos detalhes, proporcionando uma imersão visual que enriquece a narrativa. A escolha de especialistas e historiadores para comentar os eventos garante uma base sólida de credibilidade, enquanto as performances dos atores que reencenam momentos-chave da vida da rainha adicionam uma camada emocional impactante.

Contudo, a série não está isenta de críticas. Algumas vozes apontam para uma certa liberdade criativa na interpretação de eventos históricos, o que poderia desviar-se da precisão em favor do dramatismo. É um ponto válido, que reflete o eterno debate entre fidelidade histórica e licença poética em obras do gênero documental dramatizado.

Em termos de correlação com o presente, “Cleópatra” ressoa de maneira surpreendentemente atual. A série destaca temas como o poder feminino em ambientes predominantemente masculinos, a diplomacia em tempos de crise, e a luta pela preservação da cultura e identidade nacional frente a forças invasoras. Esses elementos fornecem uma rica matéria de reflexão sobre liderança, resiliência e a importância da memória histórica no mundo contemporâneo.

Em conclusão, “Cleópatra” da Netflix é uma adição valiosa à crescente biblioteca de conteúdo histórico da plataforma. Oferece uma visão complexa e matizada de uma das figuras mais fascinantes da história, ao mesmo tempo em que levanta questões pertinentes sobre poder, gênero e identidade que continuam relevantes até hoje. A série é um testemunho do poder do cinema e da televisão em reinterpretar e dar nova vida a histórias do passado, convidando o público a uma jornada de descoberta e reflexão.

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Mulheres de Goiás: a goiana que disseminou a música clássica no mundo

Belkiss Spenciere Carneiro de Mendonça nasceu na Cidade de Goiás em 15 de fevereiro de 1928. Em aulas particulares de piano com tutoria de sua avó, Maria Angélica da Costa Brand, Belkiss começou o curso de Música pela Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil. Na turma do professor Paulino Chaves ela conseguiu concluir de forma majestosa o Curso de Piano. Pouco depois, participou de diferentes cursos com os professores Joseph Kliass, Camargo Guarnieri e Arnaldo Estrella para aprimoramento de suas práticas.

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Em 9 de novembro de 1970, formada como escritora, musicista e pianista, Belkiss ingressou na Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás (AFLAG) como membro fundador. Na ocasião, Belkiss Spenciere participava da primeira revista da AFLAG, o Anuário 1970. Participou como cofundadora do Conservatório Goiano de Música, atual Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás. Entre os anos de 1956 e 1977 trabalhou como professora e diretora no Conservatório.

Ao receber seu título de Doutora em Música desenvolveu pesquisas sobre a Pedagogia do Piano. Ministrou diferentes cursos de Extensão sobre Técnica Pianística e o Curso de Especialização Novas bases da técnica pianística. O resultado de seus trabalhos surpreendeu muitos pesquisadores. Logo, Belkiss desenvolvia mais um grande feito para o estudo e desenvolvimento da Música no Brasil. Ela idealizou, promoveu e dirigiu cinco Concursos Nacionais de Música, com ampla repercussão nacional.

A goiana desenvolveu também projetos como cinco grandes Festivais de Música e dois de Festivais de Música e Artes Plásticas. Ao se tornar Presidente da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea promoveu o “Encontro Nacional de Compositores – Goiânia 97”, com a Fundação Jaime Câmara e Direção Artística do maestro Ricardo Tacuchian. Seus estudos e pesquisas foram difundidos através de workshops, gravações, master classes e palestras.

Belkiss esteve em diferentes pontos do território nacional. Suas apresentações como solista em orquestras renderam a ela convite para participar de recitais e turnês sob direção de maestros renomados. Aqueles trabalhos foram apresentados e reconhecidos internacionalmente. Logo, Belkiss gravava LPs e CDs. Por dez anos, a escritora que habitava nela escrevia crônicas semanais para o jornal O Popular.

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Todos os seus anos de trabalho em prol do desenvolvimento da música nacional lhe trouxeram medalhas como a Couto Magalhães, José Plácido de Castro Eleazar de Carvalho e Antônio Tavernard. Pouco depois recebeu troféus como o título Jaburu, Tiokô e Pelicano entre vários outros. Belkiss Spenciere foi a primeira presidente da Fundação Cultural de Goiás e pertenceu ao quadro do Conselho Estadual de Cultura onde também atuou como presidente. Honrosamente, foi membro da Academia Internacional de Música e da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, como presidente.

Para visitas especiais ou em reuniões sociais na sala de sua casa, Belkiss Spenciere apresentava seu talento aos convidados em um piano Steinway de cauda inteira. O instrumento vistoso era considerado raro em Goiânia. Em seus últimos dias de vida, Belkiss viajou em turnê pela América do Norte e Europa. Falecida em 1987, a disseminadora da música clássica é lembrada como uma amante da música.

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Mulheres de Goiás: a escrava que comprava negros e revolucionou a sociedade goiana

A história narra que Dona Chica foi uma mulher cativante e muito poderosa. Em sua posse tinha quantidades incontáveis de ouro que ela usava para comprar e libertar os negros escravizados. Muitos destes escravizados recém-libertos continuavam a trabalhar para Chica Machado por amor.

Com grande influência no território que hoje diz respeito ao município de Niquelândia, ninguém casava ou comprava terras sem antes consultar Dona Chica. Seu filho, Padre Silvestre, foi o primeiro deputado negro por Goiás. “Chica Machado é um mito Goiano. […] Ela representa a força da mulher”, disse Adélia, autora do livro Chica Machado – Um Mito Goiano.

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Chica Machado foi um ícone no estado de Goiás. Comprada como escrava aos 13 anos de idade, sua história serviu de inspiração para muitos que a enxergaram como grande mulher e heroína. Não se sabe quanto de sua história é verdade, mas para compreendê-la é preciso voltarmos ao Brasil colonial. Com a descoberta de tantas áreas regadas a ouro pelo país afora, o número de imigrantes aumentou significativamente. Se aumentaram os números de europeus, aumentaram também o número de escravizados.

O tráfico transatlântico de escravizados para a América Portuguesa foi considerado o maior do Novo Mundo. No período entre 1701 e 1720, estima-se que desembarcaram cerca de 292 mil africanos em território brasileiro. Entre os anos de 1720 e 1741 houve novo aumento em cerca de 312,4 mil escravizados. Não se pode esquecer dos inúmeros indígenas que moravam no Brasil. Estima-se que dentro desse período houve uma média de 50 mil indígenas escravizados só através das expedições dos Bandeirantes.

Os Bandeirantes se aproveitaram da rivalidade existente entre as tribos e aldeias Jesuítas para dominarem e escravizarem os nativos. Alguns indígenas aceitaram viver em aldeias jesuítas e ser escravizados pelos colonos, denominados como “mansos”. Enquanto outros não se submetiam a nenhuma doutrina ou meio de escravidão ocupando posto de “bravos ou selvagens”. Os portugueses utilizavam os grupos discordantes uns contra os outros. Aqueles que aceitavam os atos investidos contra eles eram colocados para capturar os “bravos ou selvagens” e transformá-los em escravos.

Em Goiás, os Bandeirantes trabalhavam da mesma forma sob comando de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera. O “Diabo Velho” não só assustou os indígenas residentes do território goiano, como também voltou para São Paulo levando algumas dezenas desses povos como escravos. Outra centena de indígenas foram assassinados. Em meio a esse processo de intensas batalhas surgia a história de Chica Machado.

Presente em alguns registros da História de Goiás, a personagem teve sua própria história passada de geração em geração, o que fizeram dela um mito. No livro escrito por Adélia Freitas as lacunas do mito foram preenchidas com ficção criada pela autora.

HOMENAGEM

Em julho de 2022 a Prefeitura de Goiânia inaugurou uma trilha que liga o Parque Macambira Anicuns ao Parque Bernardo Élis com o nome de Trilha Chica Machado. O percurso de três quilômetros visa homenagear a história de Dona Chica.

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