Esse filme foi gravado na Chapada dos Veadeiros e está no Festival de Gramado

Esse filme teve como cenário a belíssima Chapada dos Veadeiros e está participando do Festival de Gramado.

Rodrigo Souza
Por Rodrigo Souza
Oeste Outra Vez filme
Foto: Reprodução/ metropoles

A Chapada dos Veadeiros é conhecida por ser um refúgio de tranquilidade e espiritualidade para muitos, mas o filme “Oeste Outra Vez” (2024), dirigido por Érico Rassi, transforma esse belíssimo cenário em algo completamente diferente. Neste longa, o paraíso pacífico é substituído por um palco de conflitos e crises existenciais, lembrando o estilo dos Irmãos Coen e trazendo elementos do teatro de Samuel Beckett. Apresentado durante o Festival de Gramado, o filme rapidamente se destacou como um dos favoritos. Vamos conhecer um pouco mais essa obra que combina ação, introspecção e uma visão única sobre a masculinidade.

Uma jornada de violência e silêncio

A história começa em uma estrada de terra, no meio da paisagem seca e árida do Cerrado. Toto (interpretado por ngelo Antônio) está dentro de seu carro, aguardando alguém em silêncio. Quando Durval (interpretado por Babu Santana) aparece em sua caminhonete, Toto não hesita: ele liga o carro e vai ao encontro do outro, bloqueando sua passagem. Sem trocar uma única palavra, os dois homens saem de seus veículos e começam a brigar. A mulher de Durval, interpretada por Tuanny Araújo, presencia a cena, mas ao invés de intervir, simplesmente vira as costas e vai embora.

Essa cena inicial já dá o tom do filme: uma história focada em homens, onde a violência e o ego estão sempre à flor da pele. A simplicidade do início contrasta com a complexidade das emoções e situações que se desenrolam ao longo do filme. A mulher que abandona os dois homens na estrada é o catalisador de uma série de eventos que revelam a fragilidade e a patetice dos protagonistas. A trama se desenrola em torno dessa disputa por uma mulher que, no final, parece ser apenas um pretexto para expor as fraquezas dos personagens.

Uma espiral de caos e solidão

Depois da briga inicial, Toto busca a ajuda de Jerominho (Rodger Rogério), um cliente idoso de um bar que é um temido matador de aluguel. No entanto, o plano de Toto dá errado e, em resposta, Durval contrata seus próprios assassinos: Antonio (Daniel Porpino) e Domingos (Adanilo Reis). A partir daí, a história se torna uma fuga desesperada pela vastidão da Chapada dos Veadeiros. Toto e Jerominho cavalgam pela paisagem, tentando escapar de seus perseguidores e, ao mesmo tempo, enfrentando suas próprias crises internas.

“Oeste Outra Vez” (2024) é mais do que um simples filme de ação. Ele aborda as complexidades das relações humanas, especialmente entre homens que, incapazes de expressar suas emoções de forma saudável, recorrem à violência e ao alcoolismo como formas de lidar com seus problemas. A ausência de mulheres no cenário não é apenas uma escolha estética, mas uma forma de questionar como os homens lidam com a solidão e a falta de conexão emocional. Incapazes de se abrirem uns com os outros, os personagens são arrastados por um ciclo de destruição que parece inevitável.

Estilo e inovação

Visualmente, “Oeste Outra Vez” (2024) é um deleite. A fotografia naturalista captura a beleza rude da Chapada dos Veadeiros, enquanto o diálogo minimalista e repetitivo traz um toque de surrealismo e excentricidade. A influência dos Irmãos Coen é evidente na forma como o diretor constrói a narrativa, com diálogos que muitas vezes não levam a lugar nenhum, mas que revelam muito sobre os personagens e suas motivações. A referência a Samuel Beckett se faz presente na circularidade do texto, que reflete a sensação de estar preso em um ciclo sem fim.

Rodger Rogério, conhecido principalmente como músico, surpreende em seu primeiro papel como protagonista. Sua atuação traz uma profundidade e uma melancolia que complementam perfeitamente o tom do filme. A participação de Antonio Pitanga, outro ícone do cinema brasileiro, acrescenta ainda mais peso à trama.

O filme é uma reflexão sobre o gênero do faroeste, dominado tradicionalmente por homens, e leva essa dominação ao extremo. A ausência de figuras femininas cria uma atmosfera de desolação e solidão, onde os homens são forçados a confrontar seus próprios demônios. A questão que o filme levanta é: como os homens lidam com a ausência de mulheres em suas vidas? A resposta, segundo o diretor Érico Rassi, parece ser que eles se tornam sombras patéticas de si mesmos, presos em um ciclo de violência e autodestruição.

“Oeste Outra Vez” (2024) é uma obra que desafia as convenções do cinema brasileiro, trazendo uma visão única e profunda sobre a masculinidade e a solidão. Através de um cenário deslumbrante e diálogos precisos, o filme nos leva a uma jornada introspectiva, onde cada personagem é confrontado com suas próprias limitações e fraquezas. É uma história que, embora enraizada em um gênero tradicionalmente violento, revela a fragilidade humana de uma forma tocante e, ao mesmo tempo, brutal. O filme é uma reflexão poderosa sobre o que acontece quando os homens são deixados sozinhos para enfrentar seus próprios demônios, sem a presença calmante e equilibradora das mulheres.

****Fonte: Metrópoles****

Leia também:

7 filmes que vão te enganar até o último minuto!

10 excelentes filmes escondidos na Netflix que você precisa assistir

Esse filme que venceu 5 Oscar e se tornou um marco do cinema está bombando no Prime Video

Quer receber nossas notícias e dicas de turismo, gastronomia e entretenimento em primeira mão? Siga o Curta Mais no Instagram: @guiacurtamais e nas outras redes sociais, você também pode entrar em nosso canal do WhatsApp clicando aqui.