Por que Novembro se tornou o Mês da Consciência Negra no Brasil? Entenda

Saiba quem foi Zumbi dos Palmares e sua importância para a história do país

Redação Curta Mais
Por Redação Curta Mais
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No Brasil, o mês de novembro se destaca não apenas pelo início da temporada de chuvas em algumas regiões, mas também por ser o momento em que a sociedade volta suas atenções para a reflexão e conscientização sobre a questão racial. O mês é dedicado à Consciência Negra, com o ápice das celebrações ocorrendo no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, data que presta homenagem a Zumbi dos Palmares.

Legado

Zumbi dos Palmares, nascido por volta de 1655, foi uma figura central na resistência contra a escravidão no Brasil colonial. Cresceu no Quilombo dos Palmares, uma comunidade autossustentável formada por escravizados fugitivos, onde se destacou não apenas por sua liderança, mas também por suas habilidades estratégicas e intelectuais.

Zumbi assumiu o comando do Quilombo após a morte de seu antecessor, Ganga Zumba, e liderou a resistência contra os ataques das forças coloniais por mais de duas décadas. Palmares, sob seu comando, tornou-se um refúgio para aqueles que buscavam escapar da brutalidade da escravidão.

Sua atuação não se limitava apenas ao aspecto militar; Zumbi buscava a construção de uma sociedade justa e igualitária, fundamentada na liberdade e na preservação da cultura africana. A visão de Zumbi transcendia as fronteiras do quilombo, influenciando as gerações subsequentes na luta por direitos e reconhecimento.

Além de inspiração para a luta contra o racismo e exemplo da afirmação de afrodescendentes, ele é considerado o primeiro líder político a rejeitar o jugo colonial e propor a seus conterrâneos e seguidores a criação de um novo país em terras americanas.

Cem anos antes da Revolução Francesa abolir a escravatura libertando o Haiti (depois a escravidão foi restabelecida nas suas colônias), ele rompeu com o regime escravista que predominava em todo o mundo: Europa, América do Norte, África e Ásia reconheciam o direito de propriedade de seres humanos e tributavam cativos como os demais ativos semoventes.

O primeiro grito contestando essa instituição milenar da Humanidade ouviu-se nas serranias de Alagoas quando Zumbi rejeitou no acordo que seu tio Ganga Zumba fechava com o governador Pedro de Almeida, em 1678, representante do Rei Dom João IV, que concedia autonomia ao território do quilombo de Palmares, mas mantinha a escravidão. Zumbi exigiu a abolição em todo o território da Capitania de Pernambuco. Os portugueses não aceitaram e a guerra continuou por mais 20 anos. Manteve-se intransigente quando o mesmo lhe foi oferecido pelo Rei Dom Pedro II. Recusou novamente e combateu até morte.

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Estátua localizada em Salvador, Bahia, que homenageia Zumbi dos Palmares

 

Zumbi e o Dia da Consciência Negra

O 20 de novembro foi escolhido como o Dia da Consciência Negra em homenagem ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, que ocorreu em 1695. Esta data não apenas reconhece a figura emblemática de Zumbi, mas também destaca a importância de preservar a memória e compreender o legado da resistência negra no Brasil.

Por que a Consciência Negra é importante no combate ao Racismo

A celebração do Mês da Consciência Negra não é apenas um exercício de memória, mas uma oportunidade para analisarmos criticamente as disparidades e desafios enfrentados pela população negra no Brasil contemporâneo.

O combate ao racismo estrutural exige uma compreensão profunda de suas raízes históricas. O Mês da Consciência Negra serve como um lembrete de que a luta por igualdade racial está longe de ser concluída. Dados atuais revelam que, embora a escravidão tenha sido abolida há mais de um século, as desigualdades persistem em várias esferas, como educação, emprego e acesso à saúde.

Ao refletir sobre o legado de Zumbi dos Palmares, somos instigados a questionar as estruturas que perpetuam o racismo e a promover ações efetivas para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Dados apontam para disparidades significativas entre brancos e negros em termos de renda, acesso à educação e oportunidades de emprego. Pesquisas mostram que a população negra ainda enfrenta obstáculos significativos para ascender social e economicamente.

A relevância atual

A celebração do Mês da Consciência Negra vai além de eventos pontuais. É uma oportunidade para aprofundar o entendimento sobre as raízes do racismo estrutural e para buscar soluções efetivas para as desigualdades persistentes. Dados contemporâneos evidenciam a necessidade contínua de enfrentar questões como a violência policial, a sub-representação nos espaços de poder e as disparidades socioeconômicas que afetam a população negra.

A oficialização do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro ocorreu através da Lei Federal nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. Essa legislação estabeleceu o 20 de novembro como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, reforçando a importância da data para a promoção da reflexão sobre as questões raciais e a valorização da cultura afro-brasileira.

Assim, o mês de novembro foi naturalmente associado a essa celebração devido à relevância histórica do 20 de novembro e à intenção de dedicar um período mais amplo para atividades, reflexões e eventos que promovam a conscientização sobre a importância da igualdade racial e do combate ao racismo no Brasil.

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