Por que o camelódromo tem esse nome?
E por que esse nome é "errado"?
Com certeza você conhece, ou pelo menos, já ouviu falar no ‘camelódromo’, certo? E, se acreditava que esse era um nome/lugar exclusivo de nossa maravilhosa terra, muito se engana. Em todo o Brasil, o termo ‘camelódromo’ é utilizado para se referir à lugares onde se concentram diversos vendedores ambulantes, geralmente importadores de mercadoria (legais ou não) que atravessam as fronteiras do Paraguai.
Um dos grande motivos da criação dos camelódromos foi a necessidade de tirar esses vendedores dos locais de grande movimentação, como praças, calçadas e, até mesmo, ruas; com o intuito de ‘reurbanização’ das cidades. Ao contrário das feiras (como a Feira do Sol; Feira da Lua; Feira Hippie), os camelódromos possuem estruturas fixas e uma série de vantagens.
Algo que era inimaginável até pouco tempo atrás, é o fato de os ‘camelôs’ aceitarem pagamentos por cartão de crédito e débito. Alguns, inclusive já possuem lojas online e aceitam pagamentos virtuais, como PayPal, Mercado Pago e afins. Os produtos vendidos são os mais variados, desde eletrônicos a vestuário, alimentícios e tantos outros.
Imagem: Camelódromo de Campinas
O que significa “dromo”?
E a palavra, camelódromo, o que ela significa? Bem, para começar essa é uma palavra gramaticalmente “errada”, isso porque o sufixo “dromo”, que vem do grego, quer dizer “lugar para correr”.
Ou seja, “autódromo” (lugar onde acontecem corridas de carros), “hipódromo” (lugar onde ocorrem corridas de cavalos) e “velódromo” (lugar onde acontecem corridas de bicicletas) são palavras adequadas à etimologia da palavra, porém, palavras como “fumódromo”, “sambódromo” e “camelódromo” não se referem a locais onde as pessoas “correm”.
Afinal, no carnaval as pessoas não desfilam correndo; não fumam correndo para voltar logo ao trabalho; e os camelôs não precisam sair correndo.
O que é um “camelô”?
Mas, e o “camelô”, vem da onde? Derivada do árabe khamlat, que era o nome dado aos tecidos rústicos comercializados em feiras livres e divulgados aos berros pelos vendedores (os camelôs) de séculos atrás.
O termo se popularizou na França, o verbo cameloter (vender quinquilharias, coisas de pouco valor. Um verdadeiro camelô precisa ter o dom da palavra, para conseguir convencer o público a comprar seu produto.
Alguns podem chegar a construir impérios, quer um excelente exemplo? O famosíssimo magnata Silvio Santos, que começou sua carreira no apinhado Largo da Carioca (Rio de Janeiro – RJ).
Imagem: O Fuxico
É importante levarmos sempre em consideração que a língua (qualquer uma) é viva, por isso não é errado quando uma palavra ou elemento ganham novos sentidos ou usos com o passar do tempo.
O português que falamos hoje não é o mesmo de nossos avós, bem como não é o mesmo de Machado de Assis ou José de Alencar, menos ainda de Camões. O mesmo acontece com as diferenças de entonação e uso da língua entre as diversas regiões, dentro do Brasil e, principalmente, com outros países.
Capa: Goiânia.go