Todo mundo é bissexual? Pesquisa mostra que sim!

Estudo aponta que 70% dos heterossexuais acreditam que todos seriam bissexuais sem influências sociais; entenda

Thaís Muniz
Por Redação Curta Mais
Ilustração: Lumi Mae / Universa UOL

Em um mundo que vem mudando suas opiniões sobre questões de orientação sexual e gênero, a heterossexualidade parece estar sendo questionada nesse cenário. Apesar disso, uma pesquisa recente da plataforma Gleeden revela que 70% dos heterossexuais que utilizam o aplicativo acreditam que todas as pessoas seriam bissexuais se moralidade, cultura e religião não interferissem no pensamento.

A plataforma Gleeden, especializada em encontros extraconjugais, trouxe à tona dados que reacendem o debate sobre a fluidez da sexualidade humana e as influências sociais, culturais e religiosas sobre as orientações sexuais.

Divulgada em celebração ao Dia Internacional da Luta Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, comemorado mundialmente no dia 17 de maio, a pesquisa reflete a forte tendência entre heterossexuais de acharem que todos seriam bissexuais.

A data, marcada no Brasil desde 2010, é uma oportunidade para refletir sobre o preconceito e as barreiras enfrentadas pela comunidade LGBTQIA+, além de incentivar debates sobre a diversidade sexual e a desconstrução de estigmas.

Nesse contexto, os resultados do levantamento da Gleeden trazem uma perspectiva provocativa sobre a fluidez da sexualidade humana, sugerindo que a bissexualidade seria mais prevalente se não houvesse tais restrições sociais.

Como a pesquisa foi realizada?

Segundo a Gleeden, as barreiras culturais, morais e religiosas desempenham um papel significativo na formação da identidade sexual. Entre os participantes, 45% afirmaram já ter cogitado se envolver em um relacionamento homossexual, enquanto 20% admitiram já ter tido relações sexuais com alguém do mesmo gênero.

Além disso, 18% dos entrevistados afirmaram que já viveram um relacionamento afetivo com alguém do mesmo sexo. Dessa forma, os resultados sugerem que as fronteiras entre as orientações sexuais são mais tênues do que se imagina, questionando a rígida divisão entre heterossexualidade e homossexualidade.

Para especialistas como Alfred Kinsey, um dos precursores dos estudos sobre sexualidade humana, a sexualidade se distribui em um espectro, com grande parte da população se situando em um ponto intermediário. A “Escala de Kinsey”, desenvolvida ainda nos anos 1950, é amplamente utilizada para descrever a fluidez sexual, oferecendo uma alternativa à dicotomia tradicional entre heterossexualidade e homossexualidade.

Influências morais e religiosas

A pesquisa da Gleeden enfatiza que as normas culturais e religiosas podem ser decisivas na repressão da bissexualidade e de outras formas de atração por mais de um gênero. O conservadorismo, particularmente em países de tradição religiosa forte, como o Brasil, tende a reforçar uma visão dominante, na qual a heterossexualidade é a norma e as outras orientações são vistas como desvios ou exceções.

Entretanto, a própria pesquisa sugere que essas normas podem ser mais constrangedoras do que representativas das experiências internas dos indivíduos. Estudos como os realizados pela American Psychological Association (APA) confirmam que a sexualidade é profundamente moldada pelas interações sociais e pelo ambiente.

A APA aponta que fatores como a pressão familiar, a educação religiosa e as expectativas culturais podem influenciar não apenas o comportamento, mas também a maneira como as pessoas percebem e expressam sua orientação sexual.

Em sociedades mais liberais, onde há maior aceitação da diversidade sexual, a bissexualidade, e outras formas de não conformidade sexual, tendem a se manifestar de maneira mais aberta.

Brasileiros

No Brasil, a psicóloga e sexóloga Vera Iaconelli ressalta que, embora a repressão à bissexualidade seja comum, há uma crescente abertura para discussões sobre a diversidade sexual, especialmente entre as gerações mais jovens, que estão mais expostas a novas ideias sobre identidade e sexualidade por meio da internet e das redes sociais.

O que isso significa, afinal?

Existem diversas pesquisas ao redor do mundo debatendo as questões de gênero atualmente, mas a pesquisa da Gleeden chama a atenção por ser uma plataforma utilizada para relações extraconjugais. Além disso, é importante observar as repressões impostas pela sociedade, que podem contribuir para o crescimento desse tipo de relação.

Com a crescente visibilidade das questões LGBTQIA+ e a luta contra o preconceito, o desafio para a sociedade contemporânea é criar um ambiente mais inclusivo, onde todos possam explorar e viver sua sexualidade sem medo de discriminação ou repressão.

 

 

 

 

 

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