Existe mesmo um vulcão em Caldas Novas?
É comum a afirmação de que as águas quentes da cidade são provenientes de um vulcão: verdade ou mito?
“As águas térmicas de Caldas Novas e do Rio Quente são provenientes de um vulcão antigo, inativo ou extinto”.
Com certeza você já ouviu essa informação antes, não é mesmo? Só que ela não é verdadeira.
A temperatura dos rios na região das águas termais de Goiás é proveniente de outro fenômeno natural: o aquecimento geotérmico. Na tese de doutorado de Leonardo de Almeida, produzida na Universidade de Brasília (UnB), a questão é explicada. O documento diz que “a origem das águas termais é associada a regimes de fluxo intermediário e a um arranjo de fraturas que atingem profundidades maiores que 1.000 metros”.
Basicamente, a água infiltra em fraturas existentes no subsolo, onde as temperaturas são maiores devido a maior influência das camadas inferiores da Terra, que apresentam altas temperaturas. Assim, nessas regiões da crosta terrestre, quanto mais profundo, mais quente fica. Segundo a tese, em Caldas Novas e Rio Quente “os poços termais possuem vazões que alcançam 63 m³/h e temperaturas superiores a 59ºC”.
Portanto, o povo goiano e também os turistas que frequentam a região podem ficar despreocupados, nenhum vulcão entrará em erupção, pois ele não existe e nunca existiu, mesmo no passado geologicamente mais remoto. Se tivesse existido um vulcão na região, encontraríamos rochas vulcânicas ou derivadas delas no ambiente, a exemplo do basalto. Mas não há indícios da presença dessas formações rochosas em Goiás.
Aliás, em nenhuma parte do território brasileiro existe um vulcão, ativo ou inativo. O que existem são evidências de vulcões que já foram extintos. Inclusive o mais antigo do mundo é brasileiro, mais precisamente no território do Amazonas. O “velhinho” surgiu, segundo os geológos, há cerca de 1 bilhão de anos.
O fenômeno de aquecimento das águas por meio geotérmico é muito comum em outros países e também em áreas como a Antártida. Em alguns casos, é possível até mesmo a produção de energia elétrica, como ocorre na Nova Zelândia. Já em Caldas Novas, o único aproveitamento econômico possível é o turismo, o que é muito bem executado na cidade. A região abrange o maior manancial hidrotermal do mundo e recebe mais de quatro milhões de turistas por ano, atraídos pelas propriedades medicinais das piscinas termais.