Nos dias 2 e 3 de julho, às 20h, o grupo de dança Ateliê do Gesto vai apresentar ao público de Goiânia, no Setor Jaó e com entrada franca, uma mostra do processo de pesquisa de seu novo espetáculo, MAReAR. Os diretores artísticos Daniel Calvet e João Paulo Gross abrem as portas da sua sala de ensaio, para o público assistir o quanto o grupo já progrediu na construção deste novo projeto que tem estreia prevista para o ano de 2025 e afirma a dança como um estado de fluxo constante.

Contabilizando seus nove anos de estrada, este será o 7° trabalho do grupo, demonstrando o reflexo do amadurecimento e da evolução artística do Ateliê do Gesto. Ao mesmo tempo em que se dedicam a essa criação, o grupo percorre o país no processo de ocupação Caixa Cultural em quatro capitais, com mais de 73 cidades e nove países já percorridos. Este projeto e a atual fase do trabalho do Ateliê do Gesto contam com a produção de Marci Dornelas. 

Daniel Calvet, antecipa ao público a proposta do MAReAR, uma manifestação artística de experimentação que reverencia as águas e seus fluxos, potências, ritmos, tensões e poéticas. 

“MAReAR vem tratar da potência das águas trazendo à tona um manifesto (talvez político) que entrelaça o tema das águas e sua fluidez, maleabilidade e liquidez junto às relações que estabelecemos na atualidade”. 

Já João Paulo Gross, diz: 

“Nosso objetivo com o MAReAR é celebrar  o estado de fluxo ao qual estamos lançados a atravessar no fluxo da vida a partir das águas, utilizando a dança como um caminho consciente e sensível para o público sobre a importância do que somos e como nos construímos a partir das relações”.

O processo

A pesquisa artística começou com laboratórios de movimento e provocações, onde os intérpretes Isabel Mamede, Thais Kuwae e Gleysson Moreira exploraram sensações e emoções evocadas por memórias através do movimento. Esses laboratórios foram essenciais para desenvolver um estado de percepção corporal que realça como o corpo se adapta a profundidade emocional associada à água, explica o diretor João Paulo Gross.

Dessa imersão, surgiram partituras coreográficas que capturam a essência emocional do trabalho coletivo. As partituras refletem a fluidez, resiliência e transformação contínua que a água representa. Um ensaio aberto ao público permite ajustes e o enriquecimento das criações com base no feedback recebido.

Na próxima etapa, o grupo vai se dedicar à composição da dramaturgia da cena, que demanda cuidado com iluminação, figurino e cenografia.

 “Vamos integrar elementos que potencializam a visualidade da narrativa poética do espetáculo”, antecipa o artista. 

Projeto de manutenção

Todo o processo de criação da obra faz parte do projeto de manutenção do grupo, iniciado em fevereiro deste ano. Além da intensa pesquisa que foi feita, o projeto incluiu aulas de dança para diferentes públicos, rodas de conversa e a exibição do filme-espetáculo “Fica Comigo”. O grupo também promoveu uma aula aberta ao público e realizou rodas de conversa com estudantes da UFG, IFG e Basileu França.

“Desde o início, inspirados originariamente pela obra ‘Água Viva’ de Clarice Lispector, buscamos explorar a fluidez e a efemeridade das relações através dos gestos em diálogo com as metáforas das águas”, comenta Gross sobre as trocas realizadas durante o processo.