Médicos em Goiânia fazem cirurgia inédita em gêmeas siamesas

Procedimento sem cortes e precisão por cateter foi realizado em gêmeas siamesas uma revolução na abordagem cardíaca pediátrica

Cris Soares
Por Cris Soares
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Foto: divulgação

Um feito notável na área da medicina foi alcançado em Goiânia, com a realização bem-sucedida de um procedimento inédito em gêmeas siamesas. O complexo processo, que envolveu uma equipe multidisciplinar altamente capacitada, aconteceu no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage – HUGOL -, marcando um avanço significativo na medicina goiana.

As gêmeas siamesas, nascidas no antigo Materno Infantil e transferidas para o HECAD, enfrentaram uma condição cardíaca complexa que demandava uma abordagem cuidadosa e inovadora. O médico Zacharias Calil, líder da equipe e coordenador do procedimento, destacou a importância de um planejamento meticuloso desde o diagnóstico até a execução, enfatizando a necessidade de tratamento por cateter em vez de uma cirurgia cardíaca aberta.

Foto : divulgação

O procedimento, conduzido pelos cardiologistas intervencionistas pediátricos Jonathan Lombardi e Paulo Calamita, envolveu a inserção de uma prótese milimétrica chamada Piccolo, através da veia femoral esquerda de uma das gêmeas. 

Conforme explica o cardiologista e intervencionista Maurício Prudente, o desafio adicional residia na incerteza inicial sobre qual coração seria  alcançado pois apenas um deles apresentava a malformação congênita.  “Mas graças ao perfeito planejamento multidisciplinar prévio e à expertise da equipe do HUGOL, foi possível cruzar o canal entre as circulações venosa e arterial, ancorando a prótese com sucesso e corrigindo o defeito”, um marco para a medicina goiana”, afirma. 

Ele ressalta a importância da colaboração de especialistas como a cardiopediatra  Mirna de Souza, os ecocardiografistas  Mailza Rios e Orlando Barbosa, além da Dra. Maíra Barreto, responsável pela angiotomografia. O procedimento, que durou aproximadamente duas horas, foi seguido por uma recuperação pós-operatória bem-sucedida na UTI, onde as crianças demonstraram excelente resposta ao tratamento.

Um aspecto notável do procedimento é a ausência de cortes nas crianças, com apenas um furinho na região da virilha acessando uma veia de poucos milímetros, evidenciando a precisão e eficácia da abordagem por cateter. O médico Calil destacou o orgulho da medicina goiana, enfatizando a competência, excelência e qualidade técnica presente na cidade.

Foto: divulgação

O sucesso dessa intervenção pioneira abre caminho para a próxima fase do tratamento, que envolverá a separação total das gêmeas. Ele expressou otimismo em relação ao futuro das crianças e enfatizou a importância de valorizar a expertise médica local, ressaltando que muitos procedimentos podem ser realizados com eficiência em Goiânia.

Para  Maurício o caso das gêmeas siamesas destaca não apenas a capacidade técnica da medicina goiana, mas também reforça a importância do investimento contínuo em pesquisa e inovação na área da saúde, colocando Goiás no mapa dos centros de excelência em medicina de alta complexidade, notadamente a cardiologia, desde o feto até as últimas décadas de vida.

 

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