Novo filme da Netflix mostra como seria a revolução tecnológica em um Brasil Cyberpunk

Produção ousada eleva qualidade do cinema nacional; filme é estrelado por Bruno Gagliasso

Thaís Muniz
Por Thaís Muniz

A Netflix estreou recentemente “Biônicos”, um filme brasileiro de ficção científica e ação dirigido por Afonso Poyart, que vem ganhando destaque por sua abordagem inovadora em um cenário nacional carente de produções do gênero. Ambientado em um futuro distópico em 2035, o longa explora a ascensão da tecnologia biônica no esporte, focando na complexa dinâmica entre duas irmãs, Maria e Gabi, cujas vidas são transformadas pela revolução das próteses.

O filme mergulha os espectadores em um mundo onde a tecnologia biônica redefine o esporte, tornando os jogos tradicionais obsoletos. Maria (Jessica Córes), uma atleta dedicada, luta para manter sua relevância em um mundo que cada vez mais valoriza as próteses biônicas, enquanto sua irmã Gabi (Gabz), que teve a perna amputada na infância, se destaca como uma atleta biônica. A rivalidade fraterna e os desafios éticos do uso de próteses biônicas criam um enredo emocionante e repleto de dilemas morais.

Afonso Poyart, conhecido por seu trabalho visualmente impressionante em “2 Coelhos” e “Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo”, traz sua assinatura estilística para “Biônicos”. A direção de Poyart é um dos pontos altos do filme, com uma São Paulo futurista que evoca uma estética cyberpunk vibrante e envolvente. As cenas de ação são bem coreografadas, e os efeitos especiais, embora não inovadores, são integrados de maneira eficiente ao ambiente, contribuindo para uma experiência visualmente rica.

Jessica Córes se destaca com uma atuação intensa e emotiva, capturando a determinação e as complexidades internas de Maria. A evolução da personagem, de uma competidora feroz para alguém questionando os limites éticos da tecnologia, é conduzida com habilidade, fazendo dela uma protagonista cativante. Bruno Gagliasso também entrega uma performance sólida como Heitor, um personagem que personifica as ambiguidades morais que permeiam o enredo.

O roteiro, co-escrito por Josefina Trotta, Cris Cera, Victor Navas e Poyart, aborda temas como ambição, identidade e o custo do progresso tecnológico. A trama se aprofunda nas tensões entre o desejo de superar limites humanos e as implicações éticas dessas melhorias, provocando reflexões sobre o verdadeiro significado da excelência e do sacrifício. No entanto, o filme peca por um ritmo desigual, com algumas cenas que poderiam ser mais concisas para manter a fluidez da narrativa.

“Biônicos” também enfrenta desafios ao equilibrar sua identidade nacional com um apelo global. A ambientação futurista de São Paulo é visualmente marcante, mas a falta de regionalidade específica pode fazer com que o filme perca parte de seu charme autêntico. Além disso, alguns personagens coadjuvantes, como o detetive Guerra (Danton Mello) e Gustavo (Christian Malheiros), não recebem o desenvolvimento necessário, deixando lacunas na construção da história.

Apesar dessas falhas, “Biônicos” representa um passo significativo para o cinema brasileiro, explorando um gênero raramente abordado no país com competência e criatividade. O filme não apenas entretém, mas também instiga discussões sobre o futuro do esporte, a relação entre tecnologia e humanidade, e os limites éticos do avanço científico. Em suma, “Biônicos” é uma obra que, embora imperfeita, merece ser vista por sua audácia e originalidade no panorama cinematográfico nacional.

Confira o trailer abaixo:

 

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