Se você já ouviu falar do Festival Italiano de Nova Veneza, então, já ouviu falar dessa cidade que é um pedacinho da Itália, no coração de Goiás.
Localizada a 39 km de Goiânia, essa pequena cidade não apenas celebra, mas vive intensamente a cultura italiana. Nova Veneza foi fundada por imigrantes italianos, nos anos 1920.
O festival, que ocorre anualmente na cidade, há 16 anos, atrai milhares de pessoas de Goiás e estados vizinhos.
A História da cidade que é um pedacinho da Itália em Goiás
Foto: Italianismo
Por que Nova Veneza tem uma paixão tão profunda pela cultura italiana?
A resposta remonta a mais de um século, quando as famílias Stival, Bisnoto, Faquim, Bosco, Sousa, Alves, Santos, Ferreira, Vargas, Peixoto e Constantino chegaram da Itália, estabelecendo-se na região por volta de 1924.
O local, inicialmente chamado de ‘Colônia dos Italianos’, tornou-se oficialmente Nova Veneza em 1958.
Com mais de 60% de sua população composta por descendentes de italianos, a cidade é um símbolo da imigração no Estado de Goiás. No Brasil, onde cerca de 30 milhões de pessoas têm origens familiares na Itália, Nova Veneza se destaca como o único reduto italiano no centro-oeste brasileiro.
A Influência Italiana Além das Fronteiras
Enquanto muitos descendentes ítalo-brasileiros concentram-se no Sul e no Sudeste, Nova Veneza preserva suas raízes italianas, não apenas na culinária, mas também na arquitetura e no urbanismo.
Mesmo após um século de imigração, a cidade mantém edificações com colunas romanas, praças ornamentadas com chafarizes e ruas que remetem à Itália. O idioma italiano é parte do cotidiano, sendo inclusive ensinado nas escolas locais.
Explorando Nova Veneza: Cultura, Geografia e Aventura
Acessível pelas rodovias GO 462 ou GO 222, Nova Veneza cativa não apenas pela herança cultural, mas também por sua geografia exuberante, repleta de montanhas.
Os amantes do ecoturismo e turismo de aventura encontram na cidade um destino ideal para voos paraguaios, trilhas de bicicleta e moto bike. Além disso, Nova Veneza faz parte de um circuito religioso, atraindo romeiros pelas serras da região.
Preservando Tradições e Atraindo Visitantes
Nova Veneza é mais do que uma cidade; é um testemunho vivo da rica história da imigração italiana no Brasil.
O Festival Italiano é apenas uma das muitas manifestações que perpetuam a herança cultural, tornando a cidade um destino único. Ao explorar Nova Veneza, os visitantes não apenas se conectam com a tradição italiana, mas também descobrem uma jóia escondida que mescla autenticidade, beleza e hospitalidade brasileira.
Convidamos você a explorar essa cidade encantadora, onde o passado e o presente se entrelaçam, proporcionando uma experiência que transcende fronteiras e cria memórias duradouras.
Leia Também
História completa de Nova Veneza
Tudo começou em uma área pertencente ao município de Anápolis, em 23 de março de 1895, chegaram os primeiros moradores, Antonio da Silva Loures, e seu filho José da Silva Loures, requerendo uma propriedade rural através da escritura pública, pois aqui pertencia a Anápolis. Logo vieram outras famílias como: Manoel Antonio Gomes, Manoel Antonio de Souza, Pedro Camilo, Teotônio Alves, com o objetivo de cultivar o café. Seus meios de transporte na época eram; cavalos e carros de boi pois não haviam estradas.
A historia de Nova Veneza também está ligada a Imigração Italiana. Estes vieram para o Brasil em decorrência das dificuldades inerentes à própria sobrevivência naquele país europeu. Na Itália chegaram noticias através de cartas que aqui na América haviam muitas possibilidades de melhoria de vida. Esses italianos vieram de Previzo província de Veneto, onde eram acostumados com a lida de parreiras e vinícolas para aqui cultivarem o café. Primeiro veio o Senhor João Stival, retornando à Previzo para se casar e trazer toda a família para o Brasil. Outros imigrantes homens, também vieram e quando chegaram ao pais, precisamente em Santos, São Paulo espalharam uns para Marília, outros para Ribeirão Preto e Minas Gerais, trabalhando como empregados nas plantações de café. Mais tarde compraram sete alqueires de terra em Goiás do Senhor Atílio Constantino, onde com muitas dificuldades plantaram café, sendo que aqui, já viviam nessa época mais de quarenta pessoas.
Em Minas Gerais conheceram tia Noca que era da cidade de Goiás a qual incentivou a família Stival a vir para Goiás.
O Senhor João Stival veio, no ano de 1911, com a incumbência por parte de seus familiares e amigos, de adquirir uma propriedade rural onde todos pudessem morar e trabalhar. Comprou 362 alqueires e meio, denominada Fazenda Barra da Cachoeira. Permaneceram aqui alguns meses João Stival, Cesário Stival e Joaquim. Retornaram para Minas Gerais os senhores João e Joaquim Stival, para trazerem suas famílias e a família de Cesário.
Cesário Stival, ficou para providenciar a construção da casa para abrigar todas as famílias que viessem para fazer lavoura de milho, arroz, feijão e mandioca. Quando retornaram trouxeram as famílias Faquim e Stival, vieram de trem até catalão, e de lá para cá em sete carros de bois e uma carroça tipo carretão.
Chegaram nessa região no dia 04 de dezembro de 1912, estava muito chuvoso e devido a isso a construção da casa estava muito atrasada, eles tiveram que morar em barracas de americano.
A fazenda foi devidamente dividida entre todas as famílias, pois alguns já haviam casado em Minas Gerais. Logo o lugar ficou conhecido como “Colônia dos Italianos”.
Aos poucos grandes extensões de mata foram cedendo o lugar à cafezais. Acolônia passou a receber um numero maior de famílias como: Constantino, e em 1917 a família Peixoto, tendo como chefe o Senhor José Peixoto e Bosco.
O Senhor João Stival resolveu que, não apenas apenas lavradores mas também comerciantes e outros profissionais poderiam fizar residências em suas terras, e assim em 05 de junho de 1924, lavrando em cartório, loteou suas propriedades deixando parte como doação para a construção de uma capela, que recebeu o nome de Igreja Nossa Senhora do Carmo, devido a grande devoção que tinham pela santa e por São José. A primeira missa foi celebrada em 19 de abril de 1924, as 10:00h pelo Padre Pelágio, missionário redentorista.
Para essa missa o Senhor Carlos Stival e Ecce Homo Faquim foram a Goiabeira (Inhumas) buscar duas cantoras da família Soyer.
Como não tinham uma igreja, várias pessoas como, Carlos Stival, Lipídio Faquim, Ecce Homo Faquim, Florino Stival, Joaquim Stival, João Vieira Mota e outros roçaram uma boa quantidade de mata, e debaixo de uma árvore de jacarandazinho o Padre Pelagio celebrou a primeira missa, lançando a pedra fundamental da nova capela.
A arvore de jacarandazinho, cresceu e viveu muito tempo servindo de torre para pendurar o sino que foi oferecido pelo Senhor José Peixoto (Pai do Senhor Domingos Peixoto).
Eles mesmos levantaram os esteios de aroeira, cobriram de telha e fecharam as paredes da capela com folhas de bacuri. O Senhor Achiçes de Pina doou a primeira imagem de Nossa Senhora.
Algum tempo depois Manezinho, considerado como louco, quebrou a imagem, alegando que ela estava namorando São Benedito, padroeiro de Nerópolis.
O Senhor João Stival, doou outra imagem, a atual que está no altar é a terceira imagem doada em 1963, pela Senhora Tereza Peixoto Stival (Dona Teia). O primeiro vigário oficial foi, o espanhol Feliciano S. Robles. Da família Stival quem liderava toda parte religiosa era o Senhor Florindo Stival.
Nova Veneza permaneceu com a denominação de “Colônia dos Italianos” até 1924, e por causa da Segunda Guerra Mundial, mudaram para Goianás. A partir de 1958, recebeu definitivamente o nome Nova Veneza.
Partindo da construção da Igreja, começaram a se desenvolver a parte urbana, residencial e comercial de Nova Veneza. Algumas pessoas contribuíram para este desenvolvimento, entre elas estão:
- Primeiro Farmacêutico: Cícero Tupi;
- Primeiro Picolezeiro: Antônio Alves;
- Primeira Pensão: Dona Abadia;
- Primeira casa de secos e molhados: Achiles Pina;
Em virtude da religiosidade da comunidade, no primeiro domingo do mês as 14:00h rezava-se o terço na Igreja ou em alguma residência. Era costume ter uma cerimônia especial na Semana Santa.
Para haver iluminação na procissão do Senhor Morto, que era realizada na fazenda do Senhor Francisco Peixoto, cortavam-se laranjas ao meio, tiravam os gomos, secavam, colocavam azeite e um pavio de algodão, em seguida colocavam nas janelas, no carriado onde passavam os carros de bois e no terreirão onde secavam café, nessa procissão era levado um crucifixo.
Cada família tinha em suas casas um oratório com o santo de sua devoção, em todos os finais de tarde reuniam os familiares para fazerem suas orações.
Curiosidades da Época
- Em primeiro de Abril, era costume dos homens irem com seus cavalos enfeitados com flores visitar os amigos. Ao chegar nas casas os cavaleiros formavam a primeira letra do dona da casa.
- Nas fazendas das famílias Stival, Faquim e Peixoto, tinham campo de futebol, botia e basquete, onde os filhos praticavam esses esportes.
- Havia hábito da realização de bailes nas residências,
- Os casamentos eram realizados com muita festa, o Padre vinha celebrar a cerimônia religiosa, e o casamento civil era realizado em Nerópolis, para onde os noivos iam à cavalo.
- Em maio era realizada a festa de Nossa Senhora das Graças e São Sebastião, onde faziam ofertas de flores e a primeira comunhão das crianças.
- em 1932, foi fundada a primeira banda musical pelo maestro Antônio Feliciano Rodrigues, com os seguintes músicos: Zaquinho clarineta, Chicão baixo, Rui (Filho do maestro) tarol, Santos Stival bumbo, Chicp Carapina prato, Elias Passos bombardino, Ecce Homo primeiro saque, Chico Juquinha Trombone de Vara e Mozart Piston. Essa banda se apresentava em missas, procissões, festa da padroeira, coreto ao lado igreja (na parte de cima do coreto a banda se apresentava e na parte de baixo funcionava a cadeia).
- O primeiro coral em composto pelas senhoras; Antonia Peixoto Stival, Carmélia Peixoto Stival, Otília Muniz Rodrigues, Maria Peixoto Stival, Paulina Stival Peixoto e Joana Stival Zanine.
- Na década de 50, a musica foi bastante valorizada através de um programa de calouros nas manhãs de domingo, realizado pelo auto-falante do Esporte Clube Goianás, tendo como animador; Domingos Faquim e o Loucutor Ovídio da Silva Veneziano.
- A primeira emissora de radio propriedade do Senhor Pite recebeu o nome “Radio Águia Branca”, em homenagem ao símbolo do Esporte Clube Goianas.
- A senhora Oníscia Peixoto Seabra, fundou o coral religioso da Matriz de Nossa Senhora do Carmo e outros.